Outubro é o mês cujo mercado começa a preparação para o Natal, melhor período para as vendas. No Ceará, serão cerca de 5 mil contratações temporárias nos setores do comércio e serviços até o fim deste ano, segundo estimativa do Sistema Nacional de Emprego (Sine) do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT). As principais oportunidades são para vendedores, atendentes, vigilantes e empacotadores.
A maioria das vagas está no comércio, principalmente, em lojas de calçados. Mas, a partir de janeiro, aumenta a demanda por garçons e funções ligadas ao ramo de alimentação e hoteleiro. Até o momento, 800 já foram abertas. O número é um pouco menor que o estimado pelo Sine/IDT em igual período de 2018, quando foram 5,2 mil novos postos. Uma queda de 3,8%.
O emprego temporário pode ser a porta de entrada para o mercado de trabalho para quem busca adquirir experiência e recolocação. Segundo o diretor de unidade do Sine/IDT, Jidlafe Rodrigues, 20% destes trabalhadores conseguem ser efetivados. “O profissional deve considerar essa vaga como permanente, agindo com eficácia”, aponta. “Lembrando que a contratação pode não ocorrer naquele momento, mas, em até seis meses, o contratante pode lembrar do funcionário se ele estiver deixa a marca e ser convidado novamente”, acrescenta.
Os currículos direcionados com especificações para a vaga e empresa desejadas ajudam a causar a primeira boa impressão durante o recrutamento. A capacidade de comunicação também é decisiva. Após ser contratado, o profissional que busca pela efetivação deve atentar-se a detalhes como aparência, horários, cumprimento de metas e adequação à cultura daquele empreendimento.
Enéas Arrais Neto, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e coordenador do Laboratório de Estudos do Trabalho e Qualificação Profissional (Labor) da Universidade Federal do Ceará (UFC), pondera que o trabalhador brasileiro enfrenta um momento de perda de direitos com as mudanças na Reforma trabalhista e aumento da informalidade em razão do desemprego.
“Num quadro que tivemos em 2014, quando havia pleno emprego, os temporários atingiam a juventude que precisa aprender”, explana. “Hoje, provavelmente, serão ocupados por quem deveria estar em vagas permanentes. É um paliativo. Lógico que é melhor que nada, mas precisamos buscar uma situação de estabilidade para o trabalhador”, assinala.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas) , Cid Alves, está otimista. “A agora a alta entra no B-R-O bró' (sigla das últimas sílabas dos últimos meses do ano) super positivo. O momento é bom, diferentemente dos outros anos, está havendo mais confiança por parte dos lojistas e consumidores’, projeta.
Para o segmento de alimentação, o panorama não é tão positivo. Segundo Fátima Queiroz, presidente da Associação de Barracas da Praia do Futuro, estima-se 300 admissões. “Do ano passado para cá houve uma baixa, antes, eram cerca de 600 neste período”, diz, destacando que o fluxo permanece, mas o consumo cai. “A gente observar que os visitantes têm consumido 30% menos”.
Antonio Alves Moraes Neto, presidente do Sindicato de Restaurantes, Bares, Barracas de Praia, Buffet's e Similares do Estado do Ceará (Sindirest), as contratações iniciam em outubro, mas ainda não há projeções de novos postos no segmento. Rodolphe Trindade, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), reitera e lembra que, no ínicio do ano, a alta estação foi amainada pela onda de ataques. Cenário que se repetiu nos últimos dias no Estado. “Foi um ano desastroso”, afirma.
Já Eliseu Barros, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Ceará (ABIH), acrescenta que ainda não há números, mas a expectativa é superar 2018. Em setembro, a taxa ocupação hoteleira ficou em 72%.
No Brasil, as vagas devem somar 103 mil, segundo pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Se a previsão se confirmar, o emprego temporário - um termômetro da expectativa do comércio para o período de consumo mais intenso do ano - vai atingir em 2019 sua maior marca em cinco anos, desde antes da crise.
O Povo Online
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